sábado, 8 de maio de 2010

CONCILIANDO O TRABALHO COM A DOR!!

Previsão de problemas articulares de acordo com profissão e idade

O trabalho e a dor

Tendinite

Essa dor, causada por inflamação nos tendões, normalmente está relacionada a profissionais que passam longas horas à frente do computador ou o dia fazendo o mesmo movimento, em fábricas, por exemplo.

Ela também é conhecida como LER, sigla para lesão por esforço repetitivo, que faz parte das doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho, ou DORT.

Estas, sim, atrapalham a vida de uma gama maior de profissionais, até mesmo de fisioterapeutas, cuja função é amenizar a dor e promover o movimento corporal dos outros. Também sofrem com as DORT os dentistas, os atletas, os professores, médicos cirurgiões, professores de academia, manicures, cabeleireiras...

Hérnias de disco, artrose, dores de cabeça, rigidez corporal, além de tendinites, são as principais reclamações.

"Professores de academia ou personal trainers usam muito o corpo durante o dia (ou para dar aulas ou em seu próprio treino) e não dão tempo para que o corpo descanse.

Eles são saudáveis, mas não é essa a condição que preserva as articulações", afirma Maria Luiza Pereira Gutierrez Biton, especialista em fisioterapia analítica, que consegue prever lesões antes de acontecerem, só pelo estudo dos movimentos que a profissão do paciente exige.

No caso do professor de academia, a demanda excessiva das articulações durante as aulas e a busca pela hipertrofia dos músculos – para ficar com o corpo musculoso – potencializam o desgaste articular, causando dores e, em alguns casos, só passível de cura por meio de cirurgia.

Foi o que aconteceu com a professora Berenice Rillo Carraro, de 59 anos, que passou por uma artroscopia no joelho há dois anos.

"A cirurgia resolveu parte da questão, mas revelou uma artrose muito grave no joelho, que, no dizer do ortopedista , não me livrará de uma nova cirurgia para colocação de uma prótese", diz. A artrose não é exclusiva do joelho.

De tanto escrever no quadro e ter de ficar em pé durante as aulas, a doença também se instalou na coluna e nas mãos. Antes, a professora sofreu com dores nos ombros e cotovelo. No fim de 2007, as dores no joelho começaram a se intensificar.

"Tinha lesão no menisco, tendinite, artrose etc. Fui orientada a usar muletas por dois meses e dava aula sentada, mas o transtorno foi grande. Isto não resolveu", afirma. Berenice partiu para o uso de medicação e fisioterapia tradicional. Nada resolveu. Foi parar na mesa de cirurgia.

Médicos cirurgiões, aliás, também podem ser vítimas de DORT porque ficam durante muitas horas flexionados sobre um mesmo paciente. "Eles têm problemas cervicais e nos ombros", afirma a fisioterapeuta.

Como resolver esse problema, uma vez que ninguém pode deixar de trabalhar e o próprio trabalho é o causador das lesões? "É como o dentista", diz ela sobre a fisioterapia, "você vai quando sente dor, mas também periodicamente, para previni-la".

À medida que envelhecemos, nossas articulações ficam mais desgastadas e isso só piora em determinadas profissões.

Caso do dentista Eduardo Machado de Carvalho, de 55 anos, que há quatro anos perdeu a sensibilidade na ponta do dedo indicador esquerdo, teve desgaste entre duas vértebras e passou a sentir dores no pescoço, que o impediam de ter um sono tranquilo. "Costumo dizer que dentista tem que ser invertebrado.

A posição de trabalho é ingrata. Logo, o tronco dói, os ombros doem, a coluna dói", diz Carvalho, que se submeteu aos tratamentos da fisioterapia analítica e voltou a sentir a ponta do dedão, essencial para o exercício da sua profissão.

Só existe dor e, portanto, lesão, quando os mecanismos das aticulações são muito solicitados sem que haja tempo para o corpo descansar.

Quando isso acontece, a articulação perde a sua capacidade de alternância, ou seja, de voltar para uma posição diferente da que foi solicitada.

"Eu fui ao salão de beleza e a cabeleireira estava reclamando que seu punho estava bloqueado. Ela ficava muito tempo com a tesoura e a escova na mão. As manicures também podem sentir dor, no pescoço ou na lombar, por ficarem muito tempo com a coluna curvada", afirma Maria Luiza.

O problema das cabeleireiras e das manicures também é DORT. E o uso de analgésicos, segundo Maria Luiza, só piora o problema. "O uso indiscriminado desses medicamentos bloqueia a dor quimicamente, mas não minimiza o desgaste da articulação.

A dor pode retornar ainda maior e evoluir os processos inflamatórios", diz a fisioterapeuta.

Fonte: Revista Época por LAURA LOPES

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